Depois de uma maratona de mergulhos, fomos até ao Museu da Resistência, um antigo campo de trabalhos forçados, construído pelo Estado Novo, muitas vezes conhecido por ‘’campo da morte lenta’’, para onde foram enviados alguns presos políticos portugueses e das antigas colónias portuguesas.
O Museu da Resistência fica uns largos metros afastado do centro do Tarrafal, na ida apanhamos uma boleia (por uns 25 escudos cada um) numas carrinhas de caixa aberta, uma espécie de táxi utilizado pelos locais.
Antes de entrarmos no Campo, existem uns edifícios do lado direito, que anteriormente seriam as residências dos oficiais que trabalhavam no Campo do Tarrafal, e que são hoje morada de algumas famílias.
Mal lá chegámos algumas crianças vieram ter conosco pedindo dinheiro, foi a única vez que isso aconteceu em todas as férias em Cabo Verde. Tentamos satisfazer os pedidos com marcadores, livros e o resto da garrafa de água que tínhamos connosco.
Na entrada do campo encontramos o Zezinho, que trabalha no Museu da Resistência há 27 anos, e ali vive. Contou que tem 3 filhos, dois machos e uma fêmea, segundo o próprio.
Os olhos dele encheram-se de lágrimas quando contou que os filhos partiram para o Senegal e França em busca de trabalho, assim como quando falou um pouco sobre o seu local de trabalho, o Campo de Morte lenta construído por portugueses.
Após uma conversa com o porteiro do campo, que, para além de nos ter resumido a história da sua família, nos garantiu que recebiam muitas turistas de diferentes países, entramos no campo onde eramos os únicos visitantes.
O local ensina algumas das crueldades cometidas pelo regime português aos seus adversários políticos, numa primeira fase mais cruel do campo, e aos combatentes pela liberdade das colônias numa segunda fase.
Há um esforço interessante de partilhar o conhecimento sobre o que lá se passou através de placas informativas no espaço degradado do campo.
Podemos ver todos os edifícios do Campo, e perceber um pouco melhor quem foram os presos políticos que ali morreram, foi muito interessante fazer aquela paragem, aconselho a fazer o mesmo.
Regressamos à Praia no colectivo, desta vez tivemos a sorte de ser dos últimos ocupantes, e não esperamos muito.