‘’ Williamsburg não é América’’: a afirmação de Esty da série ‘’Unorthodox’’.
Ficou-me na cabeça, por retratar um pouco do meu ”espanto” ao visitar esta zona que em nada tem traços americanos, e que – por ignorância minha – não fazia ideia que esta comunidade ali existia.
Na perspectiva de que a América é associada a um Mundo de oportunidades, da liberdade e da aceitação – principalmente no estado novaiorquino – é curiosa a permanência desta comunidade aqui, ao longo dos anos. Uma comunidade que se considera altamente conservadora, inserida numa das zonas com mais vida e modernismo no Mundo. O passeio foi uma autentica viagem no tempo e no espaço.
Enquanto deambulamos por aqui, foi notório o desconforto ao cruzarmos com membros da comunidade, que muitas vezes evitam sequer cruzar olhares. Para nós foi novo. Uns anos mais tarde, ao visitar Israel (2019), e mesmo voltando a Williamsburg (2020), o que outrora me despertou curiosidade e alguma ”estranheza” foi, agora enfrentado com naturalidade. Afinal, a pessoa estranha aquele lugar, era eu e não as pessoas com quem me cruzei.
De modo mais indirecto, todos sabemos que não lhes é permitido usar internet, vivem de regras que considero rígidas, condutas de comportamento que – para mim – são demasiado uniformizadas, e têm uma definição de liberdade bastante diferente da noção mais globalizada.
Por outro lado, é completamente incrível que esta comunidade tenha resistido a qualquer ponta de modernismo, estando no centro do Mundo.
A certa altura entre a década de 70 e 80, Brooklyn, começou a estar na mira de jovens e artistas, que não conseguiam alojamento acessível em Manhattan.
Esta procura por Brooklyn, torna-a num local menos ”main stream”, quando comprada com NYC, evoluindo numa modernidade muito própria. E isso nota-se, nos seus cafés, restaurantes e lojas, e é essa a razão de Brooklyn ser considerada uma das zonas mais ‘’hipster’’ no Mundo.
Este modernismo coabita com a referida comunidade judaica, e a estes somam-se todas as comunidades que ali vivem desde latinos, italianos, afro americanos – e tantos outros.
E isso é incrível, torna-a vibrante e um ponto de interesse incontornável.
Incrível é também a maneira como tudo isto coabita em Brooklyn, toda esta multiculturalidade, o contraste constante tornam-na curiosa, cheia de vida e rica em influências.
É por isso que, para mim, Williamsburg é a América. E caracteriza-a, na prespectiva de que ela é resultado claro de um território que alberga e tem espaço para todos, tem espaço para liberdade, aceitação de diferenças e excentricismo. A verdade é que na pratica, todos os dias sao registados ataques a judeus ou manifestações isoladas de natureza anti-semitista. Da mesma foram que todos os dias conhecemos e lemos noticias xenófobas ou racistas. Estaremos a fazer pouco pela aceitação? Estamos certamente.
xoxo,
Mars