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Mars To Travel

quarentena: semana 5

A quinta semana da quarentena iniciou ainda com um rescaldo ao meu dia de aniversário. Recebi alguns presentes atrasados, cartas cheias de desenhos das minha sobrinha e mais visitas à janela. 

Essa atenção, esse ‘’convívio’’ ainda que com distância, é bom: aquece o coração. Distrai um pouco a nossa atenção para outras coisas. 

Por isso, acho importante manter-nos em contacto estes dias de quarentena. Eu que não tenho mínima paciência para enviar mensagens ou ligar (na maioria das vezes) tenho tentado contrariar isso, em prol de proporcionar – a mim e aos meus – um pedaço de normalidade, camuflada em conversas banais. 

Nestes dias, fiz coisas giras, um workshop de aguarela (jeito zero, mas divirto-me), fiz uma ou duas caminhadas, li, ouvi musica, cozinhei, trabalhei bastante, continuei a não ver muita TV (nem com o inicio da teleescola me demovo da minha luta contra a estupidificação).

Apesar da pouca disponibilidade mental para pegar no livro que estou a ler, continuo super empolgada com as histórias que ele conta. 

Isso tem-me transportado – outra vez – para pensamentos egoístas como : 

  1. será que os meus planos para o fim do ano se mantêm?
  2. vou poder voltar a viajar como antes?

Ninguém tem a resposta, mas acho que consigo, á partida, imaginar que o regresso à normalidade em muitos dos aspectos da nossa vida quotidiana tardará em chegar. Logo, é imprevisível a resposta às minhas questões egoístas, acerca de viagens. 

Parece ridículo – no meio do caos –  pensar acerca disso, mas essa é uma parte significativa da minha vida. Nos 12 meses do ano, por norma, faço umas 5 ou 6 viagens: umas curtas outras mais longas. 

Quando não estou a planear uma, estou a sonhar com todas as possibilidades para as próximas. 

É a minha maneira de ver o Mundo, de me cultivar e crescer: viajar. 

É para isso que trabalho, é por isso que sonho. 

Chegar aos 31 podia-me por a sonhar com tantas outras coisas, mas não. É isso que quero fazer. 

E só de imaginar que tudo isto coloca em risco esse ritual, esses momentos em que faço o que me deixa feliz. Mas por quanto tempo – por um, dois, três anos?!

Só de pensar que isto me atrasa a vida, é como se recebesse um inesperado e injusto: murro no estômago. 

Quando as pessoas me perguntam: ‘’Tinham viagens marcadas?’’ a resposta é: Não. 

Antes de voar para NY, quase compramos um voo para junho – para uma viagem que na nossa cabeça era dada como certa – mas acabamos por optar por comprar voos apenas no regresso de NY, e ainda bem. 

Não tínhamos viagens grandes agendadas, pois estávamos a canalizar toda a nossa energia – férias e dinheiro –  numa viagem maior no final do ano, que dificilmente acontecerá. 

Existem coisas que deves fazer no tempo certo. 

E, agora era o momento certo para isto. 

Também posso ir no ano seguinte, ou no outro?! Posso. Mas não é a mesma coisa. 

Gosto da fantasia de que eu faço escolhas na minha vida, mas isso está a ser-me vedado agora..

Começamos a pensar no regresso aos trabalhos, às creches, às escolas e à vida na rua. 

Temos todos medo disso não temos?! Esta semana, pensei que talvez não me apeteça ir de metro – mais uma vez, a aqui privilegiadazinha, tem escolha.

Acredito que se dê primazia ao teletrabalho, nos casos em que tal seja possível. Não sei como será comigo. 

Já tenho saudades de casa e dos meus, já só me apetece pegar nas tralhas e seguir até Tomar – mas sei que isso não seria a coisa mais responsável de se fazer. 

Os dias desta semana passaram-se como estes parágrafos: confusos, aborrecidos e cheios de perguntas. 

A playlist desta semana reflecte a forma apaziguadora como tentei viver estes dias, apesar de todas as perguntas. 

Algumas recomendações: 

Vejam a serie da Netflix: ”Kalifat”, supondo que já viram o ”Unorthodox” 🙂 E ouçam o album do Dino D’Santiago!

Fiquem a salvo!

Até para a semana, 

Mars.

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